Mais informações sobre a exposição "Peso fugaz", que abre nesta quinta, 22/3, no Espaço Experimental Nina Mello. Para o público interessado em fotografia, é uma pena que coincidirá exatamente com outro evento no Espaço Cultural Correios (vejam matéria abaixo).
Porém, no momento focalizamos a exposição de Rizza, apresentando texto da Assessoria de Imprensa do Espaço Nina Mello.
A arte numa balança poética
Em dois movimentos distintos a fotografia captura
sentimentos antagônicos: girando-se para o alto registra o céu de diversas
cidades – lembranças de momentos de intensa euforia –, e volvendo-se para baixo
registra a agonia em cenas montadas no interior de uma piscina. Subvertendo as
posições naturais, em “Peso fugaz”, que o Espaço Experimental Nina Mello
inaugura no próximo dia 22, às 20h, as nuvens apresentam-se no chão e a água
flutua no espaço, na tentativa de se alcançar o equilíbrio. Sob curadoria da
antropóloga e pesquisadora Ana Emília Costa e Silva, que assina Um Ml, a
exposição é a primeira individual da artista Rizza, que além de apresentar seus
trabalhos, propõe ao espectador uma experiência artística.
Presas em um espesso fio metálico, as fotografias são
impressas em tecido e dispostas de forma a sugerir um percurso de leitura, na
qual o espectador é levado a caminhar sobre o céu. “A exposição foi pensada
como um ambiente não convencional. O espectador não sai ileso e o trabalho
também não”, reflete a curadora, mestranda em Crítica e História da Arte pela
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). “Eu quero que as pessoas se
posicionem. Por isso, o espaço serve ao trabalho, complementando o discurso”,
defende Rizza.
A medida das
tensões
Numa poética própria da artista, as obras de “Peso
fugaz” versam sobre a vida e as relações humanas por meio de metáforas. Realizadas
com uma câmera analógica, as fotografias são resultado de uma sessão em que a
artista reuniu três amigas, alguns vestidos e acessórios femininos no interior
de uma piscina. Abstratos e particularmente plásticos, os trabalhos servem-se
da distorção das águas para indicar pistas do discurso. “A mulher é um elemento
que a gente consegue identificar a partir das formas, dos gestos, de uma
sugestão de dança, de uma feminilidade”, aponta Ana Emília. “Porém, a questão
do gênero é, sobretudo, um condicionante. Daí, a exposição assinala a pulsão
entre o instinto e a razão, o equilíbrio entre o que te condiciona e o seu
próprio desejo”, analisa, referindo-se a temática do feminino como impulso da
artista e não como princípio norteador da obra.
Segundo Rizza, a escolha da água como elemento
cenográfico se deu pela ausência de domínio que ela impõe, e pelos muitos
desenhos que a luz faz ao percorrê-la. “Quando coloquei as mulheres dentro
d’água tinha a intenção de falar sobre o universo feminino nesse sentido
angustiante. Nós temos muitos hormônios, vivemos em ciclos. A gente não
consegue viver uma normalidade durante todo o mês”, destaca. “Não pensei na
agonia, mas na comunicação”, conclui, apontando a série de fotografias como
exploração de uma voz própria.
O jogo de
densidades
Diferentes texturas e cores corroboram o desejo de
provocar sensações a partir de aventuras estéticas. A densidade da água se
contrapõe à leveza das roupas e, na mesma medida, ao peso dos corpos
mergulhados. Transpondo esses registros ao espaço expositivo, a mostra reúne
diferentes texturas e sugere muitas outras, como a própria sensação de andar
nas nuvens. “A textura, os materiais, os formatos, os suportes, é toda uma
poética. A fotografia não é só imagem”, enfatiza a artista, que ao longo de sua
curta trajetória, explorou diferentes materiais para impressão de suas obras.
Na articulação entre o campo imagético e as
possibilidades de interação com o leitor, o trabalho artístico de Rizza
valoriza a fotografia enquanto processo criativo, capaz de revelar
procedimentos anteriores ao clique e o clima que regia o momento do registro. “Mais
do que o suporte, o mais interessante da relação com a fotografia é o processo.
A partir do momento que se teve uma série de fotografias, foi surgindo a
poética”, diagnostica a curadora. “A pintura é uma memória incerta, a fotografia
não. É uma relação física”, aposta Ana Emília.
Figura presente na história da galeria, Rizza mostra
em “Peso fugaz” sua intimidade com o espaço que recebe suas fotos,
reorganizando o ambiente e revelando a si mesma por meio de pistas subjetivas.
“Essa exposição confirma o nosso trabalho em articular e divulgar a arte
fotográfica em Juiz de Fora. A Rizza é uma artista prolífica, contemporânea e
sensível. É uma grande alegria ver o Espaço reorganizado por uma artista
nossa”, afirma Nina Mello, fotógrafa e coordenadora do Espaço Experimental.
No dia seguinte à abertura, 23 de março, às 20h,
artista e curadora se encontram com o púbico para um bate-papo sobre a produção
da exposição e sobre a trajetória artística de Rizza. A mostra, que induz a uma
estreita relação entre espectador e objeto de arte, também impulsiona a
aproximação entre artista e espectador. Segundo a curadora, dando as dicas do
que irá abordar durante o encontro, a montagem da mostra sugere a leveza da
escrita da arte, mesmo que diante de pesadas questões e sentimentos. “Tratamos
esse trabalho como um peso que deve ser transitório. Afinal, ponderar isso é a
grande questão da vivência”, finaliza.
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No Espaço Experimental Nina Mello
Abertura 22 de março às 20 h
Bate-papo com a artista: 23 de março às 20 h
De 23 de março a 12 de maio. De segunda a sexta-feira, de 14 h às 18 h.
Agendamento pelo telefone 8864-4698
Centro Comercial São Pedro
Rua José Lourenço Kelmer 1330, sala 103 A - Cidade Universitária
36036-330
(32) 8864-4698
www.espacoexperimental.com.br